A Prática do Dízimo é uma tradição antiga que tem raízes profundas no Cristianismo. Este artigo explora a origem e o significado do dízimo conforme delineado na Bíblia, destacando sua importância espiritual e seu propósito dentro da vida de fé dos crentes.
Ao examinar as Escrituras, podemos compreender melhor os princípios subjacentes a prática do dízimo e como aplicá-los em nossas vidas hoje.
Origem e Fundamentação Bíblica:
A prática do dízimo encontra suas raízes no Antigo Testamento das Escrituras Sagradas. Sua primeira menção ocorre no livro de Gênesis, capítulo 14, versículo 20, quando Abraão entregou o dízimo de tudo a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. Este ato de Abraão estabeleceu um precedente significativo para a prática do dízimo entre os crentes.
No entanto, é na Lei Mosaica que encontramos uma instituição formal do dízimo como parte da adoração a Deus. Em Levítico 27:30-32, o Senhor ordena: “Todos os dízimos da terra, tanto dos cereais como das frutas, pertencem ao Senhor; são consagrados ao Senhor”.
Da mesma forma, em Números 18:21-26, Deus instrui os levitas a recolherem os dízimos do povo como uma oferta ao Senhor, e em troca, eles receberiam uma porção desses dízimos como sustento pelo seu serviço no tabernáculo.
Ao longo do Antigo Testamento, vemos exemplos do povo de Deus trazendo seus dízimos ao templo como um ato de obediência e adoração.
Malaquias, um dos últimos profetas do Antigo Testamento, também exorta o povo a trazer os dízimos ao templo, prometendo bênçãos divinas sobre aqueles que obedecem a essa prática fielmente (Malaquias 3:8-10).
Propósito e Significado:
O dízimo vai além de uma simples obrigação financeira; é um ato de devoção e reconhecimento da soberania, generosidade e provisão de Deus. Ao entregar o dízimo, estamos declarando nossa confiança em Deus como provedor de todas as coisas e expressando nossa gratidão por Sua fidelidade em nossas vidas.
Esse ato de doação também sustenta a obra de Deus na Terra. Os recursos provenientes do dízimo são utilizados para manter as atividades da igreja, sustentar seus ministérios e servir à comunidade.
Desde a manutenção do templo até o apoio aos líderes religiosos e o auxílio aos necessitados, o dízimo desempenha um papel vital na expansão do reino de Deus.
A prática do dízimo nos lembra de nossa responsabilidade para com os outros. Ao reservarmos uma parte de nossos ganhos para a obra de Deus, demonstramos solidariedade com os menos afortunados e contribuímos para a construção de uma sociedade mais justa e compassiva.
O dízimo não se trata apenas de dinheiro; é um reflexo do nosso relacionamento com Deus e com o próximo. Quando entregamos nossos dízimos com um coração generoso e alegre, estamos cultivando uma atitude de generosidade e serviço que reflete o caráter de Cristo.
Ensino de Jesus sobre o Dízimo:
Embora o dízimo seja uma prática estabelecida no Antigo Testamento, Jesus também abordou o assunto durante seu ministério terreno. Em um dos seus encontros com os fariseus, registrados em Mateus 23:23, Ele diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes omitido o que há de mais importante na Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas”.
Neste ensinamento, Jesus não está condenando a prática do dízimo em si, mas sim a hipocrisia daqueles que o fazem sem considerar os aspectos mais importantes da lei de Deus, como a justiça e a misericórdia. Ele enfatiza que o verdadeiro cumprimento da lei vai além de meros rituais externos e requer uma atitude de coração genuinamente comprometida com Deus e com o próximo.
Portanto, os ensinamentos de Jesus nos lembram que a prática do dízimo, quando feito com sinceridade e integridade, deve ser acompanhado por uma vida de retidão e compaixão. É mais do que uma mera obrigação religiosa; é uma expressão tangível do nosso compromisso com os princípios do Reino de Deus.
Princípios para a Prática do Dízimo:
- Regularidade: O dízimo deve ser entregue de forma regular, como um reflexo da nossa constante dependência de Deus e do reconhecimento de Sua fidelidade em todas as áreas de nossas vidas.
- Sinceridade: O dízimo deve ser dado com um coração sincero, livre de qualquer motivação egoísta ou legalista. Deus valoriza a generosidade que brota de um coração verdadeiramente dedicado a Ele.
- Alegria: Devemos dar nossos dízimos com alegria e gratidão, reconhecendo que tudo o que temos vem das mãos generosas de Deus. A alegria na doação reflete a nossa confiança na provisão divina e fortalece nosso relacionamento com Ele.
- Proporção Justa: O dízimo deve ser dado de acordo com nossos recursos financeiros, levando em consideração nossa capacidade de contribuir de forma justa e proporcional. Deus não exige mais do que podemos oferecer, mas Ele nos chama a sermos fiéis na administração de tudo o que Ele nos confiou.
Equilíbrio na Administração Financeira:
Encontrar um equilíbrio saudável na administração dos recursos financeiros é essencial para uma vida de mordomia responsável. Dos 100% de nossos ganhos, 10% são designados ao dízimo, enquanto os 90% restantes são destinados ao sustento pessoal, às necessidades da família e a outros propósitos.
Atender às Necessidades Básicas: Uma parte significativa dos 90% deve ser reservada para atender às necessidades básicas da vida, como moradia, alimentação, vestuário, saúde e educação. Priorizar essas necessidades garante o bem-estar pessoal e familiar.
Planejamento Financeiro: Uma porção dos recursos deve ser destinada ao planejamento financeiro, incluindo a criação de um orçamento, o estabelecimento de metas financeiras e a formação de reservas para emergências. Um planejamento financeiro sólido ajuda a evitar o endividamento excessivo e promove a estabilidade financeira a longo prazo.
Generosidade e Caridade: Reservar uma parte dos ganhos para praticar a generosidade além do dízimo é fundamental. Isso inclui apoiar causas nobres, contribuir para obras de caridade e ajudar os necessitados na comunidade. A generosidade é uma expressão tangível do amor ao próximo e reflete o coração de Deus.
Investimento no Crescimento Pessoal e Profissional: Destinar recursos para o crescimento pessoal e profissional é essencial para o desenvolvimento individual e aprimoramento das habilidades. Isso pode incluir investimentos em educação continuada, treinamentos, desenvolvimento de carreira e saúde mental.
Apoio à Obra do Reino de Deus: Embora não seja possível investir 90% dos ganhos na obra do Reino de Deus, reservar uma porção dos recursos para apoiar a igreja local, ministérios missionários e outras atividades voltadas para a expansão do evangelho é uma prática importante para os cristãos. Cada pessoa é chamada a contribuir de acordo com sua capacidade e discernimento pessoal.
Ao encontrar um equilíbrio entre essas áreas, podemos administrar os recursos financeiros com sabedoria e integridade, honrando a Deus em todas as áreas de nossas vidas.
Conclusão:
A prática do dízimo e a mordomia responsável dos recursos financeiros são aspectos fundamentais da vida cristã. Ao examinarmos as Escrituras, podemos ver que o dízimo é uma expressão de nossa fé, gratidão e obediência a Deus. Ele sustenta a obra do Reino e promove a justiça e a misericórdia em nossa comunidade.
A prática do dízimo é apenas o começo. Devemos também ser bons administradores dos 90% que Deus nos confia, buscando um equilíbrio saudável na administração dos recursos financeiros. Isso inclui atender às necessidades básicas, planejar o futuro, praticar a generosidade e investir no crescimento pessoal e profissional.
À medida que cultivamos uma vida de mordomia responsável, somos chamados a refletir o caráter de Deus em todas as áreas de nossas vidas, incluindo nossas finanças. Que possamos ser fiéis administradores dos recursos que Deus nos confiou, buscando honrá-Lo em tudo o que fazemos.
Que o nosso dízimo e a nossa mordomia sejam não apenas um dever religioso, mas uma expressão de nosso amor e devoção a Deus, e uma fonte de bênção e transformação para aqueles ao nosso redor.